domingo, 18 de março de 2012

TrágicaMente- Jeni Cabrera

Me conheço no desalinho de uma sequência programada.   Exerço  minhas tonalidades pálidas como uma orquestra desafinada, nunca acerto o tom, pois não o tenho.
Quantas formas se dão o tempo,  estou atingida  a meio tantos flagelos  do que fui até aqui. Sempre fui resquícios, nunca inteira, nem tenho a pretensão de o ser.   
Uma variável impetuosa, de verbos inacessíveis, tão complexos e perplexos  , como o sentido das partículas que me compõem.  
Essa exatidão de insanidade contida,  se torna o fardo mais  insuportável, e prazeroso... pois é...   meus ideais não compartilhados, meus instintos, guardo-os  com tamanha ignorância e egoísmo. 
Minha mente afetuosamente exotérica,  se intercala  no extremo  de cada visão. 
A grámatica exposta de meus atos,  são retratos  do que não sei. Se os conhecessem me  guardaria em silêncio. 
Na rua, sou  oco... ando meio que a tropeçar tudo que achei que era. Minhas mãos são atadas, a mão estendida   no chão soberbo , de solas do poder, me apunhala  a sangrar-me o todo. 
As paredes calejadas  de tanta água  a escorrer por entre seus vãos, vão aos poucos perdendo forma...    saindo de sua essência,   até  as mãos torpes revesti-las de novas cores e horrores.
O quarto, abrigo extenso  dos  lamentos   ,  vigília do meu corpo,  repouso do espirito inquieto.  Templo do não dito, viagem do desesperado. Suas paredes sólidas, lúdicas...pois nada  é visualmente concreto, tudo se desfaz.
Embriago-me  seja do que for,  escrevendo uma a uma de linhas que não se  tem inspiração,  do cheiro do ópio que deixa confusa minha visão. 
De onde vem a visão de toda contradição,  de todo falha expressão.   Trágica mente perdia comoção,  da pluralidade que se pode ser a  nação.  No entanto se fazem sonâmbulos por opção. Ou não.
Tirem-me daqui a moral que se dão,  tirem-me  o que já não tenho...  tirem-me toda ci~encia como explicação.  Tirem-me  a mesa pronta  não quero um lugar lá.





Um comentário:

  1. "meus ideais não compartilhados, meus instintos, guardo-os com tamanha ignorância e egoísmo"...
    Dos meus, guardo ideais, e libero meus instintos! Exatamente para não ter um "lugar à mesa!"
    Estravagante o texto, sua cara!! hahaha

    bjo

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